Stablecoins e Drex: convergência entre inovação e soberania monetária

Durante o Blockchain Rio 2025, um painel essencial reuniu dois grandes nomes do mercado financeiro para discutir o papel das stablecoins e das moedas digitais de bancos centrais (CBDCs). Fábio Araújo, coordenador do Drex no Banco Central do Brasil, e Daniel Mangabeira, VP de Estratégia da Circle para a América Latina, abordaram como essas tecnologias estão moldando o futuro do sistema financeiro global — e o impacto direto na economia real.

Na visão dos especialistas, as stablecoins, especialmente as lastreadas em dólar, não representam uma ameaça ao real ou a outras moedas fiduciárias, mas sim uma evolução que complementa os sistemas existentes. Tanto Araújo quanto Mangabeira reforçaram que a tendência é de interoperabilidade entre stablecoins e CBDCs, como o Drex.

“As duas tecnologias estão se construindo de forma muito semelhante. A convergência é técnica e natural”, explicou Mangabeira.

Stablecoins: ponte entre o sistema tradicional e o digital

As stablecoins têm se mostrado instrumentos poderosos para conectar o sistema financeiro tradicional à nova economia digital. No entanto, sua efetividade está condicionada a infraestruturas reguladas e robustas, como o Drex, que garantem segurança, transparência e estabilidade ao ecossistema.

O executivo da Circle também reforçou que as stablecoins não foram criadas para competir com moedas soberanas, mas sim para garantir estabilidade em mercados altamente voláteis, como o de criptoativos. A recente aprovação da Lei GENIUS nos EUA corrobora essa visão, criando um ambiente regulatório mais claro e favorável à inovação.

O papel do Drex na estrutura financeira brasileira

Para o Banco Central do Brasil, as stablecoins não comprometem a soberania monetária nacional. Araújo destacou que todos os fluxos financeiros domésticos continuam sendo denominados em reais, o que dificulta a adoção ampla de moedas atreladas ao dólar para o uso cotidiano, especialmente devido à volatilidade cambial e aos altos custos de hedge.

“Não se sustenta a ideia de que stablecoins substituiriam totalmente moedas locais. O Drex será a camada base do sistema, mas precisamos de iniciativas privadas para completar a infraestrutura de pagamentos e crédito”, afirmou.

Stablecoins atreladas ao real: inovação local

Com a chegada do Drex, abre-se um novo capítulo para o desenvolvimento de stablecoins lastreadas no real, sobretudo com a tokenização de saldos de instituições de pagamento (IPs). Já existe um arcabouço regulatório que permite que startups ingressem nesse mercado com segurança e menos barreiras burocráticas.

Essas stablecoins vinculadas ao real funcionarão como moedas privadas reguladas, fomentando um ambiente propício à inovação e à expansão de serviços financeiros mais inclusivos e eficientes.

Pix x Stablecoins: concorrentes ou complementares?

Apesar de o Pix já atender bem às necessidades de transferências instantâneas e gratuitas, as stablecoins oferecem funcionalidades adicionais, como programabilidade e integração com contratos inteligentes, o que pode transformar completamente a forma como a economia opera.

As stablecoins serão, segundo os especialistas, a camada de liquidez necessária para impulsionar o mercado tokenizado que o Drex pretende construir — viabilizando a negociação de ativos do mundo real em ambiente digital.

A visão da Sicura EFX

Na Sicura EFX, acompanhamos de perto a evolução dos ativos digitais e das moedas digitais de banco central. Nosso compromisso é manter nossos clientes informados, seguros e conectados com o que há de mais atual no universo de câmbio, blockchain e pagamentos internacionais.

As stablecoins representam não apenas uma alternativa, mas uma poderosa ferramenta para destravar oportunidades na economia global. Com responsabilidade regulatória e inovação contínua, acreditamos que a convergência entre stablecoins e CBDCs, como o Drex, irá transformar a forma como empresas e indivíduos interagem com o dinheiro — de forma digital, segura e programável.